Mobilização da sociedade e apoio internacional podem recuperar o Rio Tubarão

A ideia de aumentar as áreas públicas de lazer e tornar a cidade mais agradável para os seus habitantes vem se tornando mais comum na realidade brasileira, e os benefícios são significativos: uma vez que a população começa a participar das áreas públicas da cidade, elas começam a se preocupar com a cidade e vê-la como um bem comum, zelando por ela. Para isso é necessário que existam áreas que cumpram esse objetivo, como o projeto do Parque Linear de Tubarão. Contando com ciclovias, passeios e áreas verdes, o projeto tem por objetivo aumentar a interação e o conscientização da população com o rio e seus arredores. Mas apesar de contar com áreas de lazer e decks para serem usados pela população, a poluição do rio impede a prática de outras atividades, como canoagem, nado ou esportes aquáticos.


Sem saneamento básico adequado, a cidade de Tubarão despeja boa parte do esgoto diretamente no rio. Para torná-lo limpo novamente, é necessário a instalação de redes de tratamento de esgoto na cidade, o que reduziria ou até eliminaria o despejo de esgoto sanitário no rio. A Fundação Biosfera, organização com sede na Holanda e especializada em questões de desenvolvimento sustentável em contextos urbanos e ambientais complexos , propõe como solução a implementação de micro usinas de tratamento de esgoto de forma descentralizada. Com isto o sistema poderia ser estendido de forma econômica e sob demanda, de acordo com a velocidade de crescimento da cidade. Dentre as vantagens dessa abordagem está a redução no custo de desenvolvimento, uma vez que não é necessário um grande projeto de uma única vez, mas sim diversas usinas em pequena escala que são desenvolvidas conforme a necessidade e prerequisitos específicos do local. Outras vantagens são a criação de novos negócios como a geração de energia e o desenvolvimento de bio materiais com aplicações industriais a partir do lixo orgânico, lodo e materiais sólidos, que podem servir como uma nova fonte de renda para parte da população. O sistema também pode ser alterado de acordo com o desenvolvimento tecnológico sem que seja necessário a atualização do sistema como um todo, impedindo que as micro usinas se tornem desatualizadas como é frequente em grandes usinas. Além disto, o sistema se torna redundante: caso haja problema em uma das usinas, o resto do sistema continua funcionando normalmente.


Mas mesmo que todo o esgoto seja tratado adequadamente, isto não levaria a uma solução definitiva, pois a cidade de Tubarão não é a única jogando dejetos no rio, ele já chega poluído por conta de outras cidades mais próximas à sua nascente. Ainda de acordo com a Fundação, uma solução para isto seria o uso de plantas aquáticas que promovem a biorremediação através da remoção das toxinas e poluentes encontrados na água. A vantagem dessa abordagem é o baixo custo, uma vez que toda a infraestrutura necessária para isto se resume à plantas adequadas e à sua manutenção. Diversos países adotam abordagens semelhantes que se mostram bem sucedidas na despoluição de rios e canais.


A poluição do Rio Tubarão é apenas um dos problemas ambientais enfrentados atualmente na região. A Fundação Biosfera propõe o desenvolvimento de um estudo abrangente sobre os pontos de degradação do meio ambiente ao redor da cidade, e quais medidas são necessárias para a resolução desses problemas de forma a tornar a cidade de Tubarão e região mais sustentáveis e atentas aos impactos do próprio desenvolvimento. É necessária uma abordagem que olhe a bacia do rio tubarão como um todo, definindo soluções que compreendam o rio e seus arredores. O parque linear e as centrais de tratamento de esgoto deveriam ser parte de um estudo ambiental muito mais detalhado e abrangente pois apenas quando levamos em consideração diversos aspectos do meio ambiente, é que podemos ter práticas realmente sustentáveis.