
JOÃO CABRAL
No rio pedregoso te percorro,
Rio seco, calcário.
O cacto que rodeias teu discurso
Faz duro e pontiagudo teu percurso.
O sol agreste, puro vinagre,
Brilha respladescente nos sabres
Que escreves pintando lajes.
O verso pedregulho, poeta pedreiro.
Com tijolos redige signos
Incapaz de ser mole, sonífero.
Tua estrofe regurgita os ictos.
Trama densa, solo impermeável
Para alguns incomunicável,
Para outros poroso, penetrável.
O canto de areia e cascalho.
Rocha mineral, trilha granítica
Caatinga adentro.
No nordeste ou em Sevilha
Tu fazes de barro a língua