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flor futura
Desde: 04/11/2003      Publicadas: 68      Atualização: 28/11/2018

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 Criação

  18/02/2005
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FRESTAS

Livro de poesia

FRESTAS






FRESTAS


Charles Odevan Xavier



















A Ana Carolina Xavier Sobreira,
Um olho dӇgua


A Orides Fontela
In memoriam

























Quando o homem, em sua história, percebeu o silêncio como significação, criou a linguagem para retê-lo

Eni Puccinelli Orlandi














livro sobre o silêncio
relação dizível e indizível
caminhar entre o dizer e o não

sentidos do silêncio
fio condutor
entremeio

palavras transpiram silêncio
sentidos silenciados
não-dito
















I
Para ouvidos livres escutarem as pedras, o silêncio e as esferas extremas
Carlos Adriano

resto de linguagem
incompletude
silêncio

errância dos sentidos
non sense
a força corrosiva do si
lêncio

o fôlego da significação
fora da linguagem






















II

a materialidade do silêncio
opacidade
lugar de contato

jogos dos sentidos
esboços
ordem das coisas
coisas da ordem
nada






























III

silêncio que atravessa as palavras
está entre elas
as palavras produzem silêncio

dimensão do significar
jogo de palavras:
lacunas

desmonte a linearidade
monte a linearidade
onte a linearidade
nte a linearidade
te a linearidade
e a linearidade
a linearidade
alínea:
o silêncio é o suporte
























IV

Interior da linguagem
Silêncio significante
Sublinhar o sublime

Abismo de sentidos
Tempo marcado
Tempo contínuo

A palavra imprie-se:
Paralelos



























V

Pontos do dizer
Sentidos, locutores
Regiões do dizível

Interdiscurso
Sistema de formas
Efeito de sentidos:
Limites
































VI

Efeitos de evidência
Funcionamento do silêncio
Lírica engrenagem
Regularidade, equívoco

Recobrimetos, fronteiras
Máquina lógica
unívoco
Inscrição do dizível:
Falhas

Trabalho do silêncio
plurívoco
Habitar a abstração:
Falamos a mesma língua
E falamos diferente






















VII

Falamos para separar
E vislumbrar o silêncio
Evitando-o

Sentido sedentário
Espaço de linguagem:

































VIII

Silêncio místico
Escanear o sagrado:
A voz do Altíssimo

Locus de silêncio
Onipotência ausente:
Deus
































IX

Silenciamento

O homem condenado a significar
Com ou sem palavras:
A linguagem como excesso

As frestas do silêncio:
Imóvel e disperso
































X

Silêncio fluido
Mar líquido
As bordas do silêncio

A imensidão do pensamento
A contemplação da pedra:
Introspecção




















XI

O homem faz falar
A voz de Deus:
O silêncio fundante

Ausculta monolitos de granito
Traduz o idioma das flores
Proseia com paralelepípedos
Compacta o infinito
































XII

A palavra é a periferia do silêncio
Seu ruído
E exílio
Sua fraseologia e engendramento

































XIII

A importância fluida do silêncio
Em face da significação

Mallarmé, Cage, Webern, Orides e Satie:
Silêncio expresso
Em coreografia cinza

A teologia canta Deus
Na impossibilidade de capturá-lo:
A onipotência do silêncio

Apagamentos
Lugares distintos:
Cortes












XIV

Rarefações
Ilegibilidade do silêncio
O implícito, resíduo

Lugares do silêncio:
O sorriso da Gioconda
O amarelo de Van Gogh
Grandes extensões
Planícies líquidas
Pausas

O silêncio se mostra nas fissuras
Fugazmente

Os sentidos dispersos
Em todas direções:
Cofres





















XV

Como cobrir o silencio:
De branco ou negro?

As formas do silêncio
Seu caráter negativo
Índice do vazio

O silêncio recorta o dizer































XVI

Os traços do silêncio
Sua fenomenologia:
Fugacidade

Existência efêmera
Tela e têmpera

































XVII

O silêncio da imagem
Paisagem
Mar

Mística do silêncio
Círculos órficos
Pitagóricos

Largo uso do silêncio:
Ascese acesa
Acesso a Deus









XVIII

O silêncio totalidade
Limiar do sentido

Entre palavras
Notas musicais
Astros
Seres
Linhas pontilhadas




Tecido intersticial
Relevo de signos:
Intervalos




























XIX

Quanto mais se diz
O silêncio se instala:
Horizonte de sentidos possíveis

Usura das palavras
Silêncio absoluto
Canto de metal

































XX

O sentido errático
Migra de lugar em lugar:
Circulação possível

Fronteiras móveis
Perspectiva do silêncio:
Avalanches

































XXI

O sentido suspende acontecimentos
Limites do dizer:
Recalque

Escrever é uma relação particular
Com o silêncio:
Decalque































XXII

O silêncio apaga
O silêncio explode os limites
Do significar:
Lenta absorção do nada























XXIII

Série de formas
Enunciações:
Domínio da memória

Uma voz sem nome
Ressoa pelos vales de silício
Despossui o sujeito
Torna seu dizer possível

Múltiplos discursos
Desmancham-se:
Configurações

Formas em série

























XIV

Singularidade dos desvãos
Deslocamentos possíveis
Diferentes vozes
Entretecem em uníssono

Amálgama
Partilhas
Sentido à deriva































XXV

Inserções
Palavras coisas
Marcadores dígitos

Sentidos fixos
O já-dito
Saturação do silêncio
































XXVI

Língua de espuma
Falas silenciadas
Sentidos não se expandem
Nem ressoam
Desdobramentos, bifurcações
Unidade:
O texto se fecha

































XXVII

Circunstâncias de enunciação
Verticalidade
Relação com o dizível

Textualidade preexistente
Regiões do sentido
Palavras interditas:
Censuras































XXVIII

O signo ameaçado
Quando discorda:
Interdições

O gesto de ler
As bordas


















XXI

O risco da palavra
Reapropriação:
Signo arisco

Cor amarela
Ruído adquirido
Silêncio imposto
Risco dos sentidos































XXX

Sentidos censurados
A carta exílio
Forçar a metáfora:
Rupturas
Abundância
Referências
Reentrâncias

































XXXI

Objeto simbólico
Sentidos emigram
Singram os mares de palavras

Remissões em grade
Grelha semântica
Livro sem medida

Pontos de fuga






























XXXII

Percursos de sentido
Linhas pontilhada:
Redes

Territorialização
Via do equívoco:
Reversões

































XXXIII

Os sentidos não têm donos
Criam pernas, asas:
Sinapses

Os textos trespassados
Em sua aérea sintaxe
































XXXIV

Trajetória de sentidos
Procedimentos silenciosos
Fragmentaridade reticente:
sedimentos





















































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