
FRESTAS
Charles Odevan Xavier
A Ana Carolina Xavier Sobreira,
Um olho dӇgua
A Orides Fontela
In memoriam
Quando o homem, em sua história, percebeu o silêncio como significação, criou a linguagem para retê-lo
Eni Puccinelli Orlandi
livro sobre o silêncio
relação dizível e indizível
caminhar entre o dizer e o não
sentidos do silêncio
fio condutor
entremeio
palavras transpiram silêncio
sentidos silenciados
não-dito
I
Para ouvidos livres escutarem as pedras, o silêncio e as esferas extremas
Carlos Adriano
resto de linguagem
incompletude
silêncio
errância dos sentidos
non sense
a força corrosiva do si
lêncio
o fôlego da significação
fora da linguagem
II
a materialidade do silêncio
opacidade
lugar de contato
jogos dos sentidos
esboços
ordem das coisas
coisas da ordem
nada
III
silêncio que atravessa as palavras
está entre elas
as palavras produzem silêncio
dimensão do significar
jogo de palavras:
lacunas
desmonte a linearidade
monte a linearidade
onte a linearidade
nte a linearidade
te a linearidade
e a linearidade
a linearidade
alínea:
o silêncio é o suporte
IV
Interior da linguagem
Silêncio significante
Sublinhar o sublime
Abismo de sentidos
Tempo marcado
Tempo contínuo
A palavra imprie-se:
Paralelos
V
Pontos do dizer
Sentidos, locutores
Regiões do dizível
Interdiscurso
Sistema de formas
Efeito de sentidos:
Limites
VI
Efeitos de evidência
Funcionamento do silêncio
Lírica engrenagem
Regularidade, equívoco
Recobrimetos, fronteiras
Máquina lógica
unívoco
Inscrição do dizível:
Falhas
Trabalho do silêncio
plurívoco
Habitar a abstração:
Falamos a mesma língua
E falamos diferente
VII
Falamos para separar
E vislumbrar o silêncio
Evitando-o
Sentido sedentário
Espaço de linguagem:
VIII
Silêncio místico
Escanear o sagrado:
A voz do Altíssimo
Locus de silêncio
Onipotência ausente:
Deus
IX
Silenciamento
O homem condenado a significar
Com ou sem palavras:
A linguagem como excesso
As frestas do silêncio:
Imóvel e disperso
X
Silêncio fluido
Mar líquido
As bordas do silêncio
A imensidão do pensamento
A contemplação da pedra:
Introspecção
XI
O homem faz falar
A voz de Deus:
O silêncio fundante
Ausculta monolitos de granito
Traduz o idioma das flores
Proseia com paralelepípedos
Compacta o infinito
XII
A palavra é a periferia do silêncio
Seu ruído
E exílio
Sua fraseologia e engendramento
XIII
A importância fluida do silêncio
Em face da significação
Mallarmé, Cage, Webern, Orides e Satie:
Silêncio expresso
Em coreografia cinza
A teologia canta Deus
Na impossibilidade de capturá-lo:
A onipotência do silêncio
Apagamentos
Lugares distintos:
Cortes
XIV
Rarefações
Ilegibilidade do silêncio
O implícito, resíduo
Lugares do silêncio:
O sorriso da Gioconda
O amarelo de Van Gogh
Grandes extensões
Planícies líquidas
Pausas
O silêncio se mostra nas fissuras
Fugazmente
Os sentidos dispersos
Em todas direções:
Cofres
XV
Como cobrir o silencio:
De branco ou negro?
As formas do silêncio
Seu caráter negativo
Índice do vazio
O silêncio recorta o dizer
XVI
Os traços do silêncio
Sua fenomenologia:
Fugacidade
Existência efêmera
Tela e têmpera
XVII
O silêncio da imagem
Paisagem
Mar
Mística do silêncio
Círculos órficos
Pitagóricos
Largo uso do silêncio:
Ascese acesa
Acesso a Deus
XVIII
O silêncio totalidade
Limiar do sentido
Entre palavras
Notas musicais
Astros
Seres
Linhas pontilhadas
Tecido intersticial
Relevo de signos:
Intervalos
XIX
Quanto mais se diz
O silêncio se instala:
Horizonte de sentidos possíveis
Usura das palavras
Silêncio absoluto
Canto de metal
XX
O sentido errático
Migra de lugar em lugar:
Circulação possível
Fronteiras móveis
Perspectiva do silêncio:
Avalanches
XXI
O sentido suspende acontecimentos
Limites do dizer:
Recalque
Escrever é uma relação particular
Com o silêncio:
Decalque
XXII
O silêncio apaga
O silêncio explode os limites
Do significar:
Lenta absorção do nada
XXIII
Série de formas
Enunciações:
Domínio da memória
Uma voz sem nome
Ressoa pelos vales de silício
Despossui o sujeito
Torna seu dizer possível
Múltiplos discursos
Desmancham-se:
Configurações
Formas em série
XIV
Singularidade dos desvãos
Deslocamentos possíveis
Diferentes vozes
Entretecem em uníssono
Amálgama
Partilhas
Sentido à deriva
XXV
Inserções
Palavras coisas
Marcadores dígitos
Sentidos fixos
O já-dito
Saturação do silêncio
XXVI
Língua de espuma
Falas silenciadas
Sentidos não se expandem
Nem ressoam
Desdobramentos, bifurcações
Unidade:
O texto se fecha
XXVII
Circunstâncias de enunciação
Verticalidade
Relação com o dizível
Textualidade preexistente
Regiões do sentido
Palavras interditas:
Censuras
XXVIII
O signo ameaçado
Quando discorda:
Interdições
O gesto de ler
As bordas
XXI
O risco da palavra
Reapropriação:
Signo arisco
Cor amarela
Ruído adquirido
Silêncio imposto
Risco dos sentidos
XXX
Sentidos censurados
A carta exílio
Forçar a metáfora:
Rupturas
Abundância
Referências
Reentrâncias
XXXI
Objeto simbólico
Sentidos emigram
Singram os mares de palavras
Remissões em grade
Grelha semântica
Livro sem medida
Pontos de fuga
XXXII
Percursos de sentido
Linhas pontilhada:
Redes
Territorialização
Via do equívoco:
Reversões
XXXIII
Os sentidos não têm donos
Criam pernas, asas:
Sinapses
Os textos trespassados
Em sua aérea sintaxe
XXXIV
Trajetória de sentidos
Procedimentos silenciosos
Fragmentaridade reticente:
sedimentos